18 de março de 2011

TRANSPARÊNCIA DAS MAIORES EXPLORADORAS DO PETRÓLEO

Estudo aponta falta de transparência nas maiores petrolíferas do mundo


Matéria publicada pelo Contas Abertas



Um estudo produzido pelas organizações Revenue Watch Institute (RWI) e Transparência Internacional (TI) mostra que, em média, apenas 16% das transações financeiras realizadas por 44 gigantes petrolíferas, que respondem a 60% da produção mundial de petróleo e gás, são totalmente transparentes. Para o presidente da TI, Huguette Labelle, “poucas empresas divulgam o que pagam aos governos de cada um dos países onde operam".

O nível de transparência, de acordo com o relatório, depende da própria empresa de energia e do país “explorado”. Enquanto a Statoil, petrolífera estatal norueguesa, publica 69% de suas operações financeiras, outras empresas como a CNOOC e a PetroChina (China), Petronas (Malásia), Inpex (Austrália) e GEPetrol (Guiné Equatorial) não divulgam nenhuma informação.

A estatal brasileira, a Petrobras, publica 18% de todas as suas operações – dois pontos percentuais acima da média. Na avaliação regional, no entanto, o estudo mostra que a empresa torna pública 100% de suas operações no Brasil. Já no quesito de programas anticorrupção, a Petrobras também ficou acima da média mundial, fixada em 43%, com 64%.

Karin Lissakers, diretora da RWI, diz que é "chocante" o pequeno número de empresas de energia que reportam suas despesas aos governos, apesar das crescentes demandas de parlamentares, investidores e ONGs. "Se as empresas fossem mais transparentes sobre os pagamentos feitos aos governos para explorar os recursos de petróleo e gás, haveria menos espaço para corrupção e mais dinheiro disponível para o desenvolvimento", destacou.

O documento propõe uma série de recomendações, incluindo o controle externo das medidas anticorrupção nos programas de petróleo e gás, a liberação de dados das filiais das grandes corporações e a adição de transparência nos códigos de responsabilidade social. Também aconselha os governos de países com depósitos de petróleo e gás que endureçam a legislação para forçar as companhias de energia para melhorar seus padrões de transparência. Também sugere que as agências de rating internacionais e analistas de risco incluam as medidas de transparência em seus modelos de avaliação.

Os resultados do estudo foram obtidos por consultores da RWI e da TI, entre fevereiro e abril de 2010, junto a organizações conhecidas mundialmente pelo monitoramento independente e pelo combate à corrupção. Os dados foram recolhidos a partir da aplicação de um questionário sobre a publicação de informações relevantes.



Autor: Milton Júnior

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