
Empresas temem lentidão para conseguir licenças
Energias alternativas
O Rio Grande do Norte deverá receber um avalanche de investimentos em geração de energia eólica nos próximos três anos, mas vai precisar superar desafios em áreas como infraestrutura, qualificação de mão de obra e licenciamentos para que os projetos sejam executados e comecem a operar nos prazos previstos. Os obstáculos e a necessidade do Estado agir com celeridade para ajudar a removê-los foram ressaltados ontem por investidores do setor, em reunião promovida pela Federação das Indústrias do RN (Fiern), com representantes do atual e do futuro governo. Mais de 20 empresas participaram.
O encontro girou em torno de 13 pontos que preocupam e necessitam de algum tipo de intervenção pública. Uma das principais discussões foi a necessidade de licenciar a instalação e a operação dos parques eólicos com velocidade, tendo em vista que dezenas deles entrarão em funcionamento de forma simultânea em julho de 2012, janeiro de 2013 e setembro de 2013. “O temor é de que haja fortes congestionamentos no Idema (órgão estadual de meio ambiente) nos meses que antecedem a entrada em operação das usinas”, disse o diretor para o Norte e o Nordeste da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Pedro Cavalcanti. “Com a entrada em operação dos projetos Alegria I e Alegria II, prevista para dezembro deste ano, e com os projetos vencedores nos últimos leilões federais o Rio Grande do Norte vai estar na liderança do mercado energético da região Nordeste em 2013 e vai ter de se preparar para isso”, ressaltou o executivo.
Atualmente, o estado possui dois parques em operação, com potência instalada somada de 51,1 MW. Essa potência deverá subir para mais de 1.900 MW, com 70 parques implantados nos próximos dois anos no interior. Estimativas apontam que os empreendimentos consumirão em torno de R$ 9 bilhões em investimentos e que irão gerar pelo menos 30 mil novos empregos. A demanda deverá ficar aquecida principalmente por profissionais de construção civil, o que inclui desde pedreiros até engenheiros.
“Mas como essa é uma atividade nova, teremos de formar e qualificar muita gente. Esse é mais um desafio”, apontou o presidente da Fiern, Flávio Azevedo, ressaltando que o Centro de Educação e Tecnologias do Gás & Energias Renováveis tem oferecido cursos de qualificação na área, mas que é preciso haver reforço na preparação.
Sérgio Azevedo, presidente do Comitê Temático de Energias Renováveis e Meio Ambiente da Federação, pontuou que, para que os projetos sejam viabilizados, o estado também precisará adequar a infraestrutura usada para receber e transportar os equipamentos que serão usados na montagem dos parques. Essa necessidade exigiria investimentos nas rodovias do estado e também na área portuária. A regularização fundiária é outro ponto que preocupa. Investidores estariam enfrentando problemas com terrenos com mais de um dono.
Logística também preocupa
O curto espaço de tempo para construir tantos parques e problemas de logística estão entre as principais preocupações de empresas como a Iberdrola, que controla o parque eólico de Rio do Fogo e tem outros sete parques no gatilho para o estado, com investimento previsto de R$ 800 milhões, diz a diretora da companhia, Laura Porto. Otávio Silveira, diretor presidente da Dreen Energia, acrescentou que o estado precisa oferecer infraestrutura para que os investimentos aconteçam na velocidade que precisam. “Estamos falando de mais de R$ 8 bi em investimentos, em quase 2 mil MW e na implantação de cerca de mil torres e de 3 mil pás eólicas em dois anos. Imagine isso circulando pelas rodovias do estado. Se não for feito um trabalho muito bem feito de logística vai haver problemas”.
O novo governo do estado esteve representado na reunião pelo coordenador da equipe de transição, Obery Rodrigues. De acordo com ele, a senadora Rosalba Ciarlini, eleita governadora em outubro, reconhece a importância dos investimentos e deverá envidar todos os esforços para que os projetos sejam implantados dentro dos prazos previstos. “Poderão, inclusive, ser implementadas forças-tarefa, um grupo executivo específico para tratar dessa questão”, comentou. Sobre o temor dos investidores de que a estrutura do Idema não esteja devidamente adequada para analisar todos os processos de licenciamento, ele disse que também será dada atenção especial a essa questão.
CNI
Os investimentos em qualificação de recursos humanos para atender não apenas o setor de energia eólica, mas a indústria como um todo, poderão ganhar reforço nos próximos anos no Nordeste, pelo menos no que depender do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Flávio Azevedo. Ele será empossado hoje terceiro vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um cargo que promoverá interlocução entre o presidente da Confederação e a diretoria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Isso é importante não só para o RN, mas para o Nordeste, que tem enorme carência de mão de obra qualificada, desde o operário até o engenheiro, o gerente. Minha proposta é que o Senai nacional dê prioridade à destinação de recursos para formação e qualificação de recursos humanos na região, até como forma de diminuir o desequilíbrio regional que existe hoje”, disse Azevedo.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal
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