13 de março de 2011

PCdoB e FORTALEZA/CE

A intenção declarada pelo clã Ferreira Gomes de lançar o mais famoso dos irmãos para o Senado mexeu com os brios do PCdoB. A cadeira na qual Cid Gomes quer ver Ciro a partir de 2015, é hoje ocupada por Inácio Arruda.


O senador do PCdoB batalhou muito para conseguir uma vaguinha na Casa. A primeira em cinco décadas, desde os tempos de Luís Carlos Prestes, quando o comunismo brasileiro ainda nem havia passado pela cisão que rachou o velho partidão e fez surgir a preposição “do” entre o “C” e o “B”. Não está agora disposto a entregar de mão beijada para o PSB.

A manifestação do governador, via Twitter, provocou uma confusão danada na base aliada. Atingido, o PCdoB não só prometeu reagir ao PSB, como também foi para cima do PT, de olho na Prefeitura de Fortaleza.

E mexe também com o PMDB. Abre, afinal, boas perspectivas para deixar o Governo do Estado nas mãos do partido aliado. Com isso, já se comenta sobre uma disputa interna entre Eunício Oliveira e Domingos Filho, vice que pode virar governador com a renúncia de Cid, condição essencial para Ciro poder ser candidato.

E o PSB não fica ileso, pois há especulações cada vez maiores sobre a possível saída de todo o clã e o desembarque no novo Partido da Democracia Brasileira (PDB) – um PMDB sem o “M” – ou em qualquer outra das muitas siglas que há por aí.

Briga passa por 2012

Mas as consequências mais imediatas são mesmo para PT e PCdoB. Logo que se viu ameaçado de ser largado ao relento em 2014, o partido de Inácio decidiu colocar suas cartas na mesa.

Sinalizou o rompimento da aliança municipal e o lançamento de um nome a prefeito em 2012. Problema e tanto para o PT. O esforço da prefeita Luizianne, afinal, será inteiro para manter a base intacta. Com a primeira dissidência, e logo vinda de uma força com tradição em disputas na Capital, a chance de debandada é grande.

O PCdoB teria muito em jogo ao se lançar em uma aventura-solo. Poderia acumular capital político para a disputa de 2014, e, ao lançar um nome com o Inácio, estaria bem longe de ser carta fora do baralho em 2012. Mas teria, é verdade, que entregar os cargos que hoje ocupa.

Mas, como sinalizou no próprio lançamento de Inácio, em 2006, correndo risco bem real de ver seu principal quadro público no Ceará sem mandato, a legenda parece ter perdido medo de arriscar.

A situação do PT se complica diante da falta de candidatos naturais. A indefinição favorece o esfacelamento da base aliada. O ex-presidente Lula percebeu cedo o risco a que estava submetido em sua sucessão e tratou de “construir” a candidatura de Dilma

Rousseff (PT).

Luizianne, pelo contrário, aguarda o desenrolar dos acontecimentos. Sob risco real de perder o controle da própria sucessão.

Detalhe que falta

Em meio a toda confusão, falta ser definido um detalhe importante: Ciro Gomes ainda não disse que quer ser candidato.

Pelo contrário, em 2008, chegou a dizer que sua última candidatura seria em 2010 – caso viesse a ocorrer, o que não foi o caso. E já previa sua aposentadoria para depois da eleição do ano passado.

A declaração foi feita no dia da convenção que lançou Patrícia Saboya candidata a prefeita, há pouco menos de três anos.

De lá para cá, Ciro deu a entender que mudou de ideia e pretende, sim, ser candidato novamente. Tem dito que está novo e tem muito tempo de carreira pela frente.

Seja como for, não há garantias de que ele queira mesmo a função na qual o irmão deseja vê-lo.

Em caso de negativa, volta tudo à estaca zero.

Érico Firmo

FONTE: ericofirmo@opovo.com.br

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