6 de abril de 2010

NOSSA HISTÓRIA: SUOR E LAGRIMAS


A Guerrilha do Açu

(Por Aristóteles Estevam de Medeiros Filho – Aluno do período 99.1)

Em 1935 eclode na Várzea do Açu, sob a orientação do comunista Manoel Torquato, o movimento armado que logo chama a atenção das autoridades estaduais e do governo federal. O fato é amplamente divulgado pela imprensa do país.

Reprimido pela polícia, o movimento é desarticulado com a prisão dos principais mentores. No entanto, alguns dias depois, o grupo consegue fugir e reorganizar o movimento. Usando táticas de guerrilha, o grupo ensaiava a tomada do poder central pelo movimento comunista, sob a orientação de Carlos Prestes. O número de combatentes, apesar da ausência de dados oficiais, chegava a 80. Sobreviviam, com assaltos às fazendas, onde conseguiam dinheiro e animais, e promoviam a adesão dos trabalhadores à luta armada.

A guerrilha comunista, aprovada numa assembléia do Partido, no primeiro momento, objetivava criar uma situação defensiva ao surgimento do movimento insurreto nacional. O movimento sindical mossoroense, criado por inspiração do PCB, ganha, cada vez mais, adeptos e consistência na região, alarmando e criando insatisfação na população e nas autoridades.

Como naquela época o PCB consegue aglutinar um contigente tão relevante de trabalhadores à guerrilha? Um dos motivos apontados pela historiografia, mostra, primeiro razões incidentais como a ação do protestantismo na região.

Manoel Torquato, que fora protestante, era um homem experiente, moldado pelo trabalho de evangelização, sendo, assim, um exímio conhecedor da região. Nas suas andanças tinha conseguido o respeito e o apreço da população. Além disso, a Várzea do Açu era uma região geograficamente favorável, próxima à Macau, Areia Branca (ambas portuárias) e Mossoró. Isso facilitava o fluxo de pessoas entre elas, principalmente porque esta última possuía um contigente considerável de trabalhadores.

Apesar de mostrar-se como um grupo coeso, a criação do movimento guerrilheiro comunista no Açu não recebia a orientação regional do PCB. Tanto é que quando a insurreição do 21º Batalhão de Caçadores acontece em Natal, no dia 23 de novembro de 1935, o grupo de Torquato não toma conhecimento de imediato, fazendo com que Mossoró, que até então possuía um grande e organizado movimento operário, pudesse se articular com aquele levante.

Após o fracasso de Natal, os comunistas são intensamente perseguidos e presos no Estado, inclusive os localizados na Várzea. Mesmo assim, os guerrilheiros da Várzea do Açu continuaram sua luta, famintos e isolados, até 1936, quando finalmente foi morto o líder comunista do Oeste, Manoel Torquato. Com a sua morte, termina enfim o movimento comunista, que causou reboliço em todo o Estado e até mesmo a inquietação do governo federal.

Favor citar da seguinte forma:

MEDEIROS FILH0, A E. de. A guerrilha do Açu. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:

Referências Bibliográficas

COSTA, Homero de Oliveira. A insurreição Comunista de 1935: Natal o primeiro ato da tragédia. São Paulo: Ensaio; Rio Grande do Norte: Cooperativa Cultural Universitária do RN, 1995.

FERREIRA, Brasília Carlos. O Mundo do Trabalho. In:____. Trabalhadores, sindicatos e cidadania. São Paulo. Estudos e Edições Ad homenem: : Natal. Cooperativa Cultural da UFRN, 1997. Pp. 211-223.

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